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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Disse Que Me Disse: Inhotim

Neste semestre, eu e alguns outros estudantes do curso de arquitetura tivemos a grande oportunidade de visitar o Inhotim, localizado em Brumadinho. Embora já tivesse ido ao museu uma vez antes estava empolgado com a visita pois não tinha retornado ao espaço desde que ele foi expandido e modificado.
Revisitar o museu foi definitivamente muito bom, pois se já gostava de lá agora gosto ainda mais. Creio que as melhores obras em gerais expostas no acervo são as mais recentemente mostradas, como o Beam Drop de Chris Burden, que não é nada mais que o lançamento de vigar de metal em uma piscina de concreto e o ambiente em que é possivel escutar os sons da terra em Sound Pavilllion de Doug Aitken.

Voltei do Inhotim com uma enorme vontade de revisitá-lo sempre que puder, pois pude perceber que a instituição além de valorizar a arte está preocupada também em manter seu acervo cada vez maior, mais atual e mais interessante, com inúmeras obras de artistas muito bem conceituados mundialmente.
Talvez o um dos grandes problemas do Inhotim que ainda possa melhorar, é o caráter comercial evidente que ele tem. Lá dentro espera-se que você pague adicionais para tudo que você for fazer, inclusive para pegar um mini onibus que nos leva a alguma das obras mais novas, que poderia ser de graça, uma vez que já pagamos um ingresso para entrar no museu.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Garimpo de Belo Horizonte (Hamilton)

Construída para ser a capital política e administrativa do estado de Minas Gerais, Belo Horizonte se desenvolveu de tal modo que os limites estabelecidos durante o seu planejamento não acomodaram seu acelerado crescimento. Hoje em dia, trata-se de uma grande metrópole, sem fronteiras definidas e bastante descentralizada.

Belo Horizonte pode ser considerada utópica, pois foi criada do zero, no papel. Hoje sua utopia está principalmente nas praças. Exemplo perfeito é a principal delas, a Praça da Liberdade. Nela, além do lugar físico, há todo um sentimento e uma idéia ligada. A praça representa uma fuga do espaço construído da cidade. Alem disso, numa cidade de tantas desigualdades, o espaço verde serve como um lugar de interação entre diversas pessoas, não importando sua condição econômica. Um pedestre na praça nada mais é que um pedestre. Outra interessante utopia é o remetimento ao passado ao andar no local. A praça e seus elementos nos lembram de tempos passados, quando todos saiam para caminhar na praça e encontrar os outros (fazendo a praça também parecer um pedacinho do interior).


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Não diferente das demais cidades do mundo, a capital mineira apresenta tanto espaços topofílicos, quanto espaços topofóbicos. A própria Praça da Liberdade é um bom exemplo de espaço topofílico em BH. Todos esses sentimentos pela praça fazem com que nos sintamos à vontade nela. Sempre que passamos por perto é difícil de resistir à vontade de entrar nela e aproveitar tudo que ela nos proporciona. Tal efeito faz com que o local tão presente na identidade belo horizontina sempre atraia grande parte da população, criando um ponto de encontro do povo. Outros grandes atrativos que trazem as pessoas a ela são sua beleza, tanto natural, quanto construída, e o que ela tem a oferecer em suas imediações: bibliotecas, museus e áreas de descanso, sendo uma centralidade prática para seus transeuntes.

A praça da liberdade não é regra quando se fala de sua interação com as pessoas. Existem diversas praças que acabam exercendo o efeito contrário do esperado, ao invés de ser um espaço agradável para todos acaba caindo em desuso (ao menos) aparentemente.

A Praça Raul Soares, por exemplo, com a deteriorização do hipercentro, sofreu com o abandono pela população, pois não havia boa manutenção de sua área, tornando-a menos atrativa que outras áreas oferecidas ao público. A praça vazia foi, por sua vez, ocupada por usuários de drogas e criminosos, que fizeram com que o lugar se tornasse perigoso e ainda menos chamativo à população. O ciclo vicioso resultou em evasão e repulsão do espaço e fuga dos arredores.

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O problema foi localizado e identificado e depois estudado por equipes de profissionais. A praça foi restaurada para se assemelhar ao seu projeto inicial. Foi iluminada e integrada à cidade, devolvendo ao espaço o seu uso primitivo, mais agradável para a capital e os seus habitantes. Tal exemplo mostra que a intervenção dos arquitetos tem papel chave para modificar o espaço urbano, afetando positivamente a vida da cidade.

Mas nem todos os problemas foram solucionados, pois é preciso intervir em vários lugares. Um deles e o Morro das Pedras, localizado na zona oeste da cidade e que, por ser considerado um dos seis locais mais violentos da capital, precisa de uma atenção especial da prefeitura.

A cidade foi planejada para crescer dentro da Avenida do Contorno. Seriam quarteirões bem definidos, formando uma malha que lembra um tabuleiro de xadrez. Esse planejamento revelava claramente a isotopia da planta de BH. Entretanto, como dito anteriormente, a cidade cresceu em ritmo acelerado, e passou a não respeitar a planejada isotopia. Foram surgindo bairros e aglomerados com as mais diversas características. Bairros residenciais começaram a se “fundir” com bairros comerciais, aglomerados de casas passaram a dividir espaços com edifícios cada vez maiores e, assim, a heterotopia começou a se implantar na capital.

Entretanto, essa heterotopia não ocorre apenas no panorama geral. Há espaços mais específicos, tais como a Praça da Savassi, que se destacam pela diversidade de atividades e freqüentadores. O local concentra empresas de telecomunicações, bares, fast foods, lojas de roupas e etc., além de receber pessoas de diferentes tribos e classes sociais.

O mesmo pode ser dito a respeito da isotopia na cidade. Um bom exemplo é o bairro Cidade Jardim, um dos poucos a apresentarem predominância de casas e ainda não verticalizado, o que é um padrão no bairro.

Belo Horizonte está repleta de vias que integram suas regiões entre si e com cidades vizinhas. Milhares de pessoas deslocam-se diariamente por esses caminhos. Para eles, as avenidas e ruas pelas quais passam não possuem significados importantes. Por isso, são considerados espaços neutros. O Complexo da Lagoinha, por exemplo, pode ser assim classificado. Ele é um conjunto de elevados que une o centro da cidade ao norte e leste da capital. Apesar de estar presente no cotidiano de muita gente, não desperta nenhum sentimento de proximidade nessas pessoas.

Um fato interessante da capital mineira é a mudança de significado de seus espaços. Em certos casos, isso ocorre periodicamente. A Afonso Pena, a principal avenida da cidade, é interditada aos domingos para que ocorra uma grande feira. O fluxo de a
utomóveis é temporariamente substituído pela atividade comercial. No caso do Shopping Popular Oiapoque, a transição foi permanente. Servia de lar informal para desabrigados, os quais foram retirados de lá para que o local servisse a um novo propósito, que é o atual.

A cidade é um espaço diversificado que possui vários elementos marcantes. A diferença cultural entre habitantes de bairros diferentes é um deles. O tipo de ocupação e uso do espaço é particular a cada local, o que, de certa forma, gera os limites políticos entre regiões. Porém, observa-se que os costumes estão ligados ao grau de convivência entre as pessoas. Sendo assim, já que as pessoas da cidade se relacionam umas com as outras e também com populações vizinhas, questiona-se onde seria a fronteira geográfica de Belo Horizonte com seus arredores. Teoricamente ela está bem determinada, mas na prática, não existe. Além do processo de conurbação que formou a região metropolitana, há tanta rapidez no transporte que a área de influencia da capital extende-se ainda mais.

André Motta
Pedro Henrique
Renata Lafetá