sexta-feira, 2 de julho de 2010

Disse Que Me Disse: Inhotim

Neste semestre, eu e alguns outros estudantes do curso de arquitetura tivemos a grande oportunidade de visitar o Inhotim, localizado em Brumadinho. Embora já tivesse ido ao museu uma vez antes estava empolgado com a visita pois não tinha retornado ao espaço desde que ele foi expandido e modificado.
Revisitar o museu foi definitivamente muito bom, pois se já gostava de lá agora gosto ainda mais. Creio que as melhores obras em gerais expostas no acervo são as mais recentemente mostradas, como o Beam Drop de Chris Burden, que não é nada mais que o lançamento de vigar de metal em uma piscina de concreto e o ambiente em que é possivel escutar os sons da terra em Sound Pavilllion de Doug Aitken.

Voltei do Inhotim com uma enorme vontade de revisitá-lo sempre que puder, pois pude perceber que a instituição além de valorizar a arte está preocupada também em manter seu acervo cada vez maior, mais atual e mais interessante, com inúmeras obras de artistas muito bem conceituados mundialmente.
Talvez o um dos grandes problemas do Inhotim que ainda possa melhorar, é o caráter comercial evidente que ele tem. Lá dentro espera-se que você pague adicionais para tudo que você for fazer, inclusive para pegar um mini onibus que nos leva a alguma das obras mais novas, que poderia ser de graça, uma vez que já pagamos um ingresso para entrar no museu.

Disse Que Me Disse: Archigram

Archigram foi um grupo arquitetônico muito a frente do seu tempo que se formou nos anos 60. Seus projetos futiristas, muitas vezes meramente hipotéticos que se inspiravam em tecnologia nos trazem uma série de questões e reflexões ainda atuais e coerentes nos dias de hoje.

Um dos projetos mais interessantes do grupo é a "Plug-in-City", que estuda e investiga o que acontece quando o ambiente urbano pode ser programado e estruturado para a mudança sendo à favor de edifícios expansíveis. Estruturalmente o projeto não conta com prédios convencionais, mas sim com uma armação em forma de células padronizadas que poderiam ser preenchidas com elementos que poderiam ser trocados com a necessidade de expansão e retração das cidades.

Ao meu ver o projeto é bem interessante, já que a cidade pode ser facilmente modificada de acordo com a demanda gerada pelos seus habitantes, fazendo com que nenhum espaço careça de algum prédio e nem que sobrem espaços redundantes. Um questionamento possível acerca do projeto é a sua viabilidade econômica, uma vez que para a distribuição de água luz e logística em unidades móveis seria necessário a reparação constante dos elementos servidores.

Resenha Jane Jacobs, Hertzberger e Intervenção Urbana

A vitalidade das ruas foi perdida há muito tempo. A escritora urbanista Janes Jacob já debatia o tema algumas décadas atrás. De acordo com ela, uma área em que há predominância de servicos e poucas unidades de habitação pode ter um certo movimento durante o dia, mas nos horários em que o comércio está fechado as ruas se tornam desérticas e abandonadas. O mesmo acontece de forma revertida em bairros exclusivamente residenciais, onde durante os horários que precedem e sucedem a jornada de trabalho podem ter vitalidade, mas durante esse período permanece  praticamente em repouso.
A autora do livro "Morte e Vida de Grandes Cidades" demonstra que para ter muito movimento durante todas as horas a fim de trazer mais vida a cidade são necessários  uma série de fatores. O equilíbrio entre habitações e serviços faz com que enquanto os moradores não habitam efetivamente sua área, estranhos que usufruem dos serviços ocupem essa lacuna. Além disso, o espaço oferecido deve prover uma ampla gama de possibilidades de apropriação para os usuários, pois se estes "ocupantes" não se sentirem á vontade com o espaço público, a tendência é de se evitar estes locais.
No caso do abandono das ruas por parte da população, entramos num círculo vicioso, pois a ausência popular abre espaço para atividades ilícitas e criminosas, que tendem a espantar ainda mais as pessoas, fechando assim o círculo.

Constatando que Belo Horizonte vem cada vez mais setorizando suas áreas e consequentemente vem sofrendo pela falta de vida, propusemos junto à aula de oficina a ocupação das ruas (mais especificamente das vagas de carro) de modo a trazer as pessoas de volta para a rua e resgatar esse valor. O nosso plano foi recriar algo que nos remetesse às já extintas várzeas de bairro, local de aglomeração e socialização das pessoas. Entretanto não podíamos "engessar" e tornar o projeto muito específico pois desse modo as pessoas só poderiam usá-lo de uma maneira, restringindo o seu uso.
O arquiteto Herman Hertzberger aborda o tema da espeficidade em seu livro "Lições de Arquitetura", de acordo com ele, é importante que uma intervenção desempenhe diversos papéis sobre diferentes circunstâncias, por exemplo: colunas que tem uma base grande o bastante para sentar costumam estar mais cheias de pessoas do que meras colunas que simplesmente acabam no chão

Pensando nestes aspectos, ao desenvolver nossa arquitetura efêmera tivemos que pensar nas mais diversas possibilidades de uso para tentar deixar nosso projeto mais aberto para apropriações. Ao fim da nossa intervenção tinhamos uma mini vaga de carro gramada com bancos que também serviam de gol e uma superfície que marcava o meio de campo que poderia também ser usada de mesa ou outras ciosas pelos pedestres.
Embora não tivemos tempo o suficiente para trazer a vida de volta à cidade, cegamos perto disso, pois instigamos as pessoas a refletir sobre a atual ocupação das ruas e calçadas. Caso isso fosse mais discutido, talvez pudessemos ter mais interações em nossas ruas, calçadas e bairros.

Casa OS - Nolaster

Situada na costa espanhola, a Casa OS foi desenvolvida pelo escritório NOLASTER para atender as necessidades do casal que acabara de comprar um terreno numa região muito afetada pelo vento que queria que a casa afetasse minimamente no relevo local.
Para atender as exigências os arquitetos criaram uma espécie de buraco para a casa, fazendo com que seu nível máximo não ultrapassasse o nível máximo do terreno. Além disso a posição faz com que a casa não sofra muito com as intempéries do vento.
O vídeo com um percurso pelo modelo em Sketchup pode mostrar como essa idéia foi executada

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Receita Urbana - Campo de Futebol em uma Vaga de Estacionamento


Proposto como trabalho de uma matéria do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG, ocupar uma vaga de carro durante um sábado foi um desafio para os alunos. A principio a turma foi dividida em grupos de três integrantes que desenvolveriam suas idéias, o nosso foi formado por: André, Érika e Renata.
Começamos a pensar sobre o que seria interessante e ao mesmo tempo interativo, já que nossa proposta era fazer com que as pessoas pudessem desfrutar daquele espaço que, pelo menos naquele dia, não seria ocupado por um carro.
Com a copa do mundo chegando e todo o valor que é dado ao futebol no Brasil, logo surgiram idéias relacionadas ao assunto. Depois de pensar, testar e discutir, ficou decidido que seria montado um mini campo de futebol no lugar, que poderia ser utilizado não apenas para jogar futebol, mas também para a troca de figurinhas, ou apenas descanso, já que um dos gols era um banco, desses de praça. 
A base fundamental da nossa idéia era deixar o espaço montado, deixando claro que as pessoas poderiam entrar, porém não “forçá-las” a utilizar a vaga de algum jeito. A disposição dos objetos fazia com que cada um tivesse a liberdade de usar o espaço como quisesse.
Objetivos:

1. Construir algo na vaga que chamasse a atenção das pessoas.
2. Observar como seria a reação de quem passasse por ali: apenas observaria, ficaria curioso, iria interagir...
3. Observar como o espaço seria utilizado por cada um: o banco serviria para sentar, para ser o gol, para sentar e jogar o futebol de prego, ou tudo isso? A trave na outra ponta seria utilizada, ou a troca de figurinhas seria tão mais interessante ao ponto de o futebol em si ser deixado de lado?
4. Mostrar que os espaços não necessariamente têm que ser utilizados apenas para algo pré-definido.
MONTAGEM:

Materiais: 
1. Grama
2. Cal para pintar a grama
3. Banco de praça
4. Peça de madeira circular e plástico para fabricar o tabuleiro para jogar tapão
5. Peças de madeira, papel, pregos, martelo, corretivo, moeda para fabricar o futebol de prego
6. Tela para revestir o banco
7. Trave pequena ou peças de metal e tela para fabricar uma trave
8. Bola
Produção:

1. Tabuleiro de tapão:
Consiga uma peça de madeira, não muito fina e corte-a de forma circular. O diâmetro fica de acordo com a área a ser colocado. Depois disso tem que ser feito algum tipo de revestimento para que as farpas não machuquem as pessoas. No nosso caso, revestimos com um plástico grosso e branco.

2. Futebol de prego:
Consiga uma peça de madeira, não muito fina também e corte-a de forma retangular, as nossas medidas foram 40x20cm. Corte quatro tiras de aproximadamente 10 cm de largura, duas com 40 cm de comprimento e duas com 20 cm de comprimento para fazer as bordas do campo. Nas tiras de 20 cm faça um buraco que passe a moeda, para ser o gol.
Cole em cima da peça grande uma cartolina ou outro papel semelhante, isso garantirá que a moeda corra sem muito atrito. Se quiser, cole um papel camurça nas laterais, além de bonito irá revestir a madeira para evitar novamente o problema com as farpas.
Pinte com corretivo as áreas brancas do campo. Depois passe uma borracha para tirar algo que possa atrapalhar a moeda.
Bata os pregos na disposição correta. Encontra-se a escalação em sites na internet.

3. Banco/Gol:
Pegue dois bancos desses de praça e coloque-os dispostos em um ângulo de mais ou menos 45 graus. Passe uma tela de uma extremidade a outra dos bancos, na parte de baixo até antes do encosto, para formar um gol.

4. Trave:
A trave é um objeto relativamente fácil de achar pronta para comprar. No nosso caso foi fabricada com uma peça de metal retangular e uma em forma de “L”. Colocamos a peça retangular com a parte mais comprida encostada no chão e colocamos a peça em L para apoiar e fixamos com fita. Passamos então a rede.

5. Campo:
Compramos a grama pintamos com cal.
Montagem:

Colocamos a grama no chão e o banco/gol na extremidade da vaga que estava do lado da rua, para garantir segurança. Na outra extremidade colocamos a trave. No meio, onde normalmente fica a bola, colocamos o tabuleiro de tapão. Na pequena área do gol colocamos o futebol de prego.
Como as peças eram todas móveis, as pessoas podiam utilizar o espaço como quisessem. Se fossem jogar bola no campo, era só retirar o tabuleiro e o futebol de prego, por exemplo.
RESULTADOS:

Percebemos que a aproximação das pessoas praticamente não aconteceu, algumas passaram e perguntaram o que era, outras só olharam e foram embora, e algumas (mais especificamente 2) ficaram incomodadas com o uso das vagas, já que para elas era interessante que carros estacionassem ali. A interação mesmo parece ter acontecido com pouquíssimas pessoas que jogaram bola.
Acreditamos que esse fato ocorreu primeiro pela localização da vaga, um bairro nobre da cidade de Belo Horizonte onde as pessoas não têm o hábito de ficar nas ruas, como acontece em bairros não tão luxuosos. Segundo pelo pouco tempo que a intervenção ocorreu, foi apenas um dia. Talvez se tivesse ficado mais tempo as crianças - que geralmente são mais extrovertidas e curiosas que os adultos - da escola que fica em frente à vaga talvez tivessem aproveitado a intervenção.
                                                   

Disse Que Me Disse : Solar City Tower

Quem achou que a construção do museu do Calatrava no Rio era o bastante certamente vai ficar surpreso com outra novidade possivelmente visitável no Rio de Janeiro no ano de 2016. Um dos concorrentes de uma competição que visava construír um cartão postal para a ilha de Condotuba que é avistada quando se chega no Rio tanto por água quanto por ar, lançou seu projeto na internet e já deu o que falar.

O projeto do estúdio suíço RAFAA (não se confunda com o vencedor do prêmio Prtitzker SANAA) quer fazer com que os jogos olímpicos cariocas sejam os primeiros do mundo com emissão de carbono zero e para isso o seu projeto conta com inúmeros atributos sustentáveis.
De acordo com os arquitetos, projeto tem como alvo o futuro, e uma proposta conceitual bem abstrata, que em linhas gerais propõe a criação de um monumento que resgatasse os valores de um monumento na antiguidade, que possa continuar sendo usado depois dos jogos como um espaço para o público e para geração de energia para a cidade.
O mecanismo de geração de energia é intricado, e conta além da energia solar com a força das ondas para tal. Em casos especiais, a água poderia também ser utilizada para ser despejada do topo da torre de volta para o mar, criando assim para o Rio uma cascata artificial, símbolo de força da natureza. Além disso, o edifício leva em conta a beleza do que o cerca, portanto seria também construído uma praça coletiva e um anfiteatro que dariam acesso ao prédio.
Esta entrada do concurso pode até não ganhar, mas tem seus méritos em uma sério de questões, como a de sustentabilidade em eventos desse porte e a da discussão do papel do monumento nos dias de hoje. Agora só esperando para que seja anunciado oficialmente o vencedor desse concurso.

Fontes:
http://www.bustler.net/index.php/article/solar_city_tower_for_rio_olympics_2016/

Sketchup: Modelagem do Radamés

Seguem abaixo algumas imagens obtidas através do uso do Sketchup para a representação do Radamés